KURT SCHWITTERS (1887-1948) No âmbito dos dadaístas alemães, Schwitters foi, a exemplo de Duchamp, um dos que mais contribuíram para enriquecer o movimento. Autor dos chamados quadros Merz, que, como ele dizia, surgiam a partir de objetos descartados de guerra, sua obra jamais se afastou de certos critérios plásticos e estéticos que seus próprios contemporâneos desqualificaram, mas que, paradoxalmente, assentaram as bases do conceitualismo dos anos 70. Na mesma cidade de Hannover, onde nasceu, Schwitters fez o curso de pintura na escola de arte. Mais tarde mudou-se para Dresden, continuando seus estudos na Academia Estatal. Entre 1917 e 1918 trabalhou como desenhista num escritório de engenharia. Datam dessa época seus primeiros quadros abstratos, notavelmente influenciados pelos de Kandinski, que foram exibidos numa conhecida galeria de Berlim. Anos mais tarde, Schwitters integrava o grupo de fundadores do movimento dadaísta alemão, embora suas verdadeiras contribuições não tivessem se concretizado até 1923, quando o dadaísmo estava em plena decadência. As colagens e instalações que ele próprio chamou de obras Merz, do alemão Kommerz (comércio), compunham-se de todo tipo de objetos descartados que o artista encontrava andando pela cidade e nos ateliês dos amigos. Essas construções, entretanto, não se coadunavam conceitualmente com o dadaísmo, visto que conservavam o caráter de "verdadeiras" obras de arte no sentido de que tinham em vista um efeito estético. Um dado curioso é que Schwitters jamais dava uma obra por terminada, e com isso o acréscimo de objetos não tinha fim. Em 1932 o pintor se juntou aos artistas abstratos de Paris e participou também de algumas exposições cubistas, assim como da Dadaísmo e Surrealismo, realizada em Nova York. Durante a Segunda Guerra refugiou-se na Noruega e depois em Londres, onde começou sua segunda etapa de construções Merz.